sexta-feira, 6 de junho de 2008

França apóia proposta de lei que reprime incitação à anorexia

Campanha publicitária criada pelo fotógrafo Olivero Toscani alerta contra anorexia
Políticos franceses enviaram proposta de lei ao Parlamento que transforma a incitação à anorexia em um crime punível. Tendo pena de até três anos de prisão e multas pesadas contra donos de sites pró-anorexia e publicações que encorajem adolescentes a não se alimentarem.
A ministra da Saúde, Roselyne Bachelot, além de apoiar essa lei, assinou uma “carta de compromisso voluntário sobre imagem do corpo e contra a anorexia” juntamente com as organizações de moda, publicidade e meios de comunicação. Dando assim mais um passo para o combate da doença que atingi milhares de adolescentes no país.
Além disso, esse texto faz parte de um conjunto de medidas para a luta contra a doença. Não tem caráter obrigatório, mas, representa um compromisso compartilhado para ações positivas de sensibilização e informação por parte da mídia. Essa iniciativa surgiu após uma polêmica de repercussão internacional sobre a magreza excessiva das modelos que desfilam nas passarelas de Paris.
"Nos comprometemos, em nossas atividades, a promover a diversidade da representação do corpo, com o objetivo de evitar estereótipos que possam criar ideais estéticos potencialmente perigosos para certas populações frágeis", diz o documento firmado por profissionais da moda e da publicidade.
Como o foco principal dessa lei é direcionado a sites e blogs de “pro-Ana” a lei impõe penalidades como dois anos de prisão e multas de 30 a 45 mil euros para delitos como “incentivo excessivo à magreza por publicação de qualquer tipo.” A pena pode aumentar para três anos em caso de morte causada por anorexia. Este projeto foi aprovado pela câmera baixa do Parlamento e deve ser aprovada pelo Senado antes de se tornar lei.
"Dar conselhos a meninas sobre como mentir para seus médicos, dizer a elas que tipo de alimento é mais fácil de ser vomitado e encorajá-las a se torturarem a cada vez que elas comerem qualquer tipo de comida não é parte da liberdade
de expressão", afirmou a ministra da Saúde, Roselyne, em um discurso no Parlamento.
"As mensagens transmitidas aqui são mensagens de morte. Nosso país deve ter meios de encontrar e processar as pessoas por trás de coisas como essas", disse a ministra, durante debate sobre uma proposta de lei contra a apologia à anorexia.
Essa decisão tomada pelos políticos franceses já provoca polêmica no mundo da moda. "Não será com leis que vamos resolver esse problema e sim com iniciativas de informação", disse o costureiro Jean-Paul Gaultier.
Muitos especialistas afirmam que os distúrbios alimentares entre meninas e adolescentes são incentivados pela publicidade, de filmes, da TV e outras mídias para atingir um nível inacessível de atratividade física. Segundo eles,a mídia acaba contribuindo negativamente para o aumento de sites e blogs e a ploriferação desse comportamento doentio entre jovens e adolescentes.
Dos adultos que sofrem de anorexia, 15% poderiam morrer devido à doença. O alerta foi pelo presidente da Dgess (Sociedade Alemã para Distúrbios Alimentares, na sigla em alemão), Manfred Fichter, que classificou a anorexia como "a doença física com maior índice de mortalidade".
Fichter afirmou que a maioria dessas mortes ocorre por causa dos sintomas da doença, embora tenha acrescentado que o número de suicídios entre esses pacientes "é alto".
"Só a metade dos doentes é capaz de vencer completamente o problema", afirmou o presidente da Dgess, que participa no sul da Alemanha de um congresso sobre distúrbios alimentares.
Segundo dados da Dgess, cerca de 6% das mulheres alemãs de 15 a 35 anos sofrem com algum tipo de transtorno relacionado com a alimentação, seja anorexia ou bulimia.

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