terça-feira, 10 de junho de 2008

A Reforma Ortográfica


Este ano falou-se muito da reforma ortográfica, porém o acordo já estava firmado, entre os países de língua portuguesa, desde 1991. A implantação só era adiada devido à não-adesão de Portugal. "Todos os países esperam Portugal, até porque se trata do país matriz do português", disse Luís Fonseca, secretário-executivo da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), em entrevista à Folha de S. Paulo.
No Brasil, o acordo ortográfico já foi aprovado pelo Congresso e, em tese, está em vigor, uma vez que, para isso, basta a assinatura de três países da CPLP. Além do Brasil, já ratificaram o texto Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Portugal, que se manteve mais resistente ao acordo foi o quarto país a aderi-lo e obteve a aprovação da reforma ortográfica da língua portuguesa pelo parlamento de Portugal. “Alguns países entenderam que as novas normas seriam ruins para suas identidades nacionais, por isso a demora na ratificação”, disse a professora Stella Maris Bortoni-Ricardo, lingüista e membro da Comissão de Língua Portuguesa (COLIP) no ministério da Educação (MEC).

A ABL (Academia Brasileira de Letras) e o Itamaraty comemoraram a aprovação da reforma ortográfica da língua portuguesa pelo parlamento de Portugal. A partir de 2009 os livros didáticos brasileiros já terão as novas regras. O acento em palavras como "vôo", "idéia" e "lêem", assim como a trema serão descartados.
Alguns especialistas acreditam que outro fator colaborou para a concretização da reforma ortográfica: A internet. No Brasil, cerca de 15 milhões de internautas trocam 500 milhões de mensagens por dia em comunicadores instantâneos.

O "internetês" vai além e explica a metamorfose natural do dialeto, seguindo o caminho da mudança, como ocorreu com o pronome "você", que se tornou o termo "cê". Agora, essa nova forma pode ajudar a reduzir ainda mais os "excessos" da ortografia, já que, tivemos no Brasil momentos em que a escrita continha até mais regras e dispensamos muitas delas.
A tendência de mudar a escrita não é nova. No Brasil, depois da Semana de Arte Moderna, vários escritores adotaram um estilo sem pontuação, como Oswald e Mário de Andrade,
um adepto do pouco uso de pontuação, é José Saramago, que quase não a usa, porém, é uma característica do seu estilo. Para a
a professora do Departamento de Metodologia do Ensino da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), Claudia Reyes, o novo método é um tipo de gíria. "Em todos os tempos, desde a antiguidade, já se usou expressões coloquiais e o 'internetês' não deixa de ser uma parcela dessas expressões na língua", comenta.

Outra influência do linguajar na internet pode ser observada nos jornais. Com o aumento de blogs e noticiários da net, os jornais escritos mudaram o design para ficarem mais próximo do mundo virtual, adotando uma diagramação mais simples e um texto mais objetivo ao leitor.

Integrados à tecnologia e com acesso fácil a computadores e conexões de banda larga (62% dos internautas brasileiros a usam, segundo o Ibope/NetRatings), os usuários buscam respostas rápidas, proximidade com seus interlocutores e nutrem a expectativa de aproveitar cada momento de diversão. A ansiedade por contato teria estimulado, assim, o hábito de escrever mensagens e a busca de novas formas de expressão ligeiras e funcionais.

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