terça-feira, 10 de junho de 2008

O caso Isabella e a cobertura da mídia

Isabella Nardoni, assassinada em março de 2008


Será que a cobertura jornalística que vem sendo desempenhada pela mídia é correta? E o que desperta tanto interesse do público em acompanhar o noticiário do caso?
Bom, em primeiro lugar quero dizer que respeito as opiniões contrárias, daqueles que se posicionam como críticos da imprensa, e quase sempre apontam sensacionalismo em toda e qualquer reportagem.
Mas a entrevista de um psicoterapeuta talvez seja o que mais nos aproxima da realidade, quando tentamos entender o que se tornou o caso Isabella. "Este episódio se assemelha a uma minissérie. Todos os dias nós temos um capítulo. As pessoas ficam aflitas, ansiosas em acompanhar dia a dia o que está acontecendo. Há uma confusão muito grande entre o que é fantasia e o que é realidade", diz o psicoterapeuta, João Augusto Figueiró.
O caso Isabella surgiu no momento em que os espectadores não agüentavam mais o noticiário de escândalos de corrupção e os embates entre governo e oposição, em Brasília. Era o prato ideal para sacudir a audiência, como acabou acontecendo.
A audiência dos telejornais aumentou em até 46% na 1ª quinzena do mês. O Jornal da Band avançou 24%. O Jornal Nacional e o Jornal da Record cresceram 9%. O Brasil Urgente, da Band, e Balanço Geral, da Record, registram avanço de 46% e 25%, respectivamente. As emissoras têm investido alto na cobertura. A Globo, por exemplo, mobilizou 18 repórteres, oito produtores e 20 cinegrafistas.
O caso Isabela nos provoca emoção e revolta, afinal quem não ficaria lamentando a morte de uma criança de forma tão trágica? Além disso, o perfil da família Nardoni é semelhante à grande parte das famílias brasileiras, ou seja, existe a figura do pai, da madrasta e da filha que mora com a mãe e vai passar o fim de semana com o pai. Isso certamente atrai ainda mais a atenção de grande parte da sociedade que se identifica com esse tipo de convívio.
Trata-se de um crime sem testemunhas oculares, no qual os suspeitos negam com veemência sua autoria, embora as provas apontem uma evidência cada vez mais inquestionável. A entrevista que o casal Nardoni concedeu ao Fantástico deve ter deixado muita gente ainda mais confusa e contribuiu para aumentar o clima de comoção e mistério que envolve o crime.
Todos esses ingredientes explicam a necessidade do leitor, ouvinte e telespectador, ávidos em obter novas informações e acompanhar o desfecho do caso. Cabe à mídia suprir esta demanda, trazendo novos aspectos da ocorrência. Afinal o repórter tem o dever de buscar sempre o ‘algo mais’. Não dá para se prender ao noticiário baseado apenas em notas oficiais, da polícia, por exemplo. É preciso ir atrás de outros enfoques, exporem um lado diferente, fugir da mesmice. Não se trata de transformar o crime num show, como teimam em dizer os críticos, mas sim de oferecer uma cobertura completa do caso.

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