quinta-feira, 5 de junho de 2008



O poder “suprimido” do jornalismo




Até onde o poder do jornalismo alcança?



Falar. Uma palavra que, no papel, não faz mal algum. Repreender. Uma palavra que, mesmo no papel, causa mal-estar.
Para o jornalismo a liberdade é um estado sagrado, que não deve ser maculado por nenhuma forma de repressão, o que depois de 20 anos volta a assustar muitos “faladores”.
Surpresos ficamos quando a equipe do jornal O Dia foi solta depois de horas de prisão e tortura, crime cometido por ex-policiais, encoberto por policiais, todos comprados por bandidos do morro. Até onde o poder do jornalismo alcança? Ou será que já alcançou lugares indevidos e a ordem agora é barrar?
Segundo o jornalista português José Urbano Rodrigues, em entrevista ao jornal Contraponto da PUC de São Paulo, ele julgado 190 vezes justamente por defender a liberdade de imprensa e por “uma lei de imprensa injusta e repressiva” foi acusado por abuso de liberdades.
Informar acontecimentos, revelar fatos, dar boas ou más notícias, este é o poder do jornalismo: repassar ao cidadão o que acontece em seu país, alertar para os golpes nacionais que estamos sofrendo, instruir, direcionar, dar voz às massas e por fim exercer a liberdade de captar as informações. Afinal, se barram, se intimidam, se repreendem, é porque algo está errado e não poder vir à tona.
O jornalista, em seu papel de profissional e cidadão que tem acesso aos mais absurdos erros, deve exercer a liberdade de expressão sem se exceder e sem preservando suas fontes (que também dão poder).
De acordo com o artigo publicado no blog WebJornalismo, na tese de doutorado de Rogério Santos, professor do Curso de Comunicação e Cultura da Universidade Católica de Portugal, existe “uma trajetória de teorias e de concepções, em que o centro de gravidade da relação jornalistas-fontes ora se encontra do lado dos jornalistas, ora das fontes (e, de entre estas, umas mais poderosas do que outras), ora do lado das organizações jornalísticas, ora dos grandes poderes econômicos que determinariam o lugar e a função do jornalismo na sociedade”.
A colaboração para o desenvolvimento de uma sociedade também é um poder do jornalista. Para João Carlos Correia, em seu estudo sobre “O Poder do Jornalismo”, a redescoberta do poder do jornalismo surge juntamente à redescoberta dos poderes públicos. Hoje em dia não se pode negar a importância do jornalismo na formação de uma concepção de mundo adaptada aos grandes consensos e na edificação dos atores sociais.

Um comentário:

webjorsuperacao disse...

:: Mariana, realmente o que sugeres é preocupante, pois o jornalista contemporâneo tem ido longe em suas investigações, motivo pelo qual tem sofrido ameaças e ataques. A lei de imprensa deveria ser pensada não só em punir o jornalista, mas também em defendê-lo, pois é o único capaz de interpretar a realidade e expô-la. Se não for ele, quem pode ser?: o policial?, o médico?, a assistente social? O que geralmente se vê é o repórter seguindo a polícia e não o inverso. Se o Estado não protege, ao menos as empresas deveriam considerar isso! O caso Tim Lopes deixou claro a posição da Globo, ou seja, a de negar e até evitar comentar o risco de morte que seu repórter passava a ponto de até atrapalhar a investigação policial.
@_@
►◄