quinta-feira, 5 de junho de 2008

Convergência de mídias é tendência mundial

Serviços como telefone, televisão e internet agora podem ser utilizados em um mesmo aparelho


Há poucos anos, o celular servia apenas para fazer e receber chamadas. No máximo, era também utilizado como despertador. As possibilidades da televisão se resumiam no uso do videocassete e a novidade era a programação exclusiva dos canais pagos. Já a internet, caçula da tecnologia moderna, era pouco explorada pelos usuários das lentas conexões discadas.
Rapidamente, a evolução tecnológica transformou as formas de comunicação em todo o globo. Agora, todos os recursos podem ser utilizados em um único aparelho. Pelo computador, é possível assistir televisão, fazer ligações através do Skype, além de, claro, as pesquisas básicas no Google. Tudo isso também pode ser feito pelo celular. Em breve, com o processo de digitalização, a televisão será outro equipamento para estas mesmas atividades. Esta gradativa convergência das mídias, embora ainda não totalmente consolidada, tem impactado profundamente os processos comunicacionais.

Segundo o jornalista Alberto Luchetti Neto - que inaugurou em 2002 o primeiro canal de televisão na web com programação 24h do Brasil, a All TV - a união da televisão com a internet conquista os usuários por oferecer algumas possibilidades até então inexistentes. “O internauta vai poder participar, interferir, mudar a programação, falar com os apresentadores e entrar no ar via web cam. Isso não acontece na tevê. Até mesmo os poucos programas ao vivo da tevê têm uma participação bastante limitada do público. O público vai encontrar o que não encontra na tevê tradicional”, argumerntou Luchetti Neto em entrevista à revista Istó É Gente, assim que lançou o site.

Alguns anos após o início desta convergência de mídias, a mudança do comportamento de internautas e telespectadores já é notável. Um estudo da Forrester Research mostra, por exemplo, que os usuários norte-americanos que possuem conexão de banda larga assistem duas horas a menos de televisão por semana. Dos 69 mil estudantes pesquisados, aqueles que não têm internet em casa assistem à televisão durante 14 horas semanais em média, contra 12 horas e meia dos internautas com conexão discada e 12 horas dos usuários da banda larga. Com a expansão do acesso à conexão rápida, a televisão deve perder ainda mais expectadores nos próximos anos.
Acessar a internet por meio do celular já é realidade, mas ainda não conquistou o mercado de forma significativa, dado os altos preços do serviço e do aparelho que oferecem esse recurso, além da baixa velocidade da conexão. Uma pesquisa da Nielsen, divulgada em maio, mostra que apenas 1% dos clientes das operadoras brasileiras utilizam a web pelo celular. As ferramentas preferidas dos usuários são tirar fotos (32%), brincar em jogos já instalados (17%), ouvir rádio (17%) e mp3 (14%).

Enquanto a convergência total das mídias não acontece, o que se vê é a fusão da oferta de serviços de telefonia, internet e televisão por uma mesma operadora, criando uma nova cena econômica e social. A competição entre as empresas do setor tornou-se mais acirrada e o acesso aos serviços foi ampliado. “A concorrência entre prestadoras no mercado de telefonia móvel permitiu atender os usuários de renda média e baixa nos serviços de comunicações, com a criação de serviço pré-pago e a queda constante de tarifas e preço de aparelhos. A concorrência entre as prestadoras, ao baratear o serviço, universaliza-o em sentido amplo: não apenas aumenta a sua oferta mas atende ao perfil e ao vigor real da demanda”, afirmam o advogado Pedro Dutra e o economista Arthur Barrionuevo, em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo em novembro passado (acesso exclusivo a assinantes).

Por outro lado, esta fusão favorece a formação de monopólio na oferta de serviços, cada vez mais centralizados em poucas prestadoras. “Qual convergência? Competitiva, com titulares distintos de diferentes redes concorrendo entre si, ou a convergência monopólica, um único prestador, monopolista em sua área de atuação, detendo redes redundantes, xDSL, cabo, MMDS, DTH, e Wimax, para prestar voz fixa, banda larga e televisão por assinatura? A resposta está nos fatos: nenhum órgão regulador e de defesa da concorrência jamais permitiu tal concentração de redes”, finalizam Dutra e Barrionuevo.

Um comentário:

webjorsuperacao disse...

:: Cássia, essa questão da convergência ainda vai dar muito o que falar e mudar. Mas uma "coisa" parece ser certa: as mídias têm de se adaptar e cada vez mais terão de inovar constantemente para não perder seus espaços, se é que eles existem neste cenário!
@_@"
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