quinta-feira, 5 de junho de 2008

O momento do jornalista jogar


Converse com uma criança hoje, ou até mesmo com um adolescente, e lhe pergunte se ela gostaria de ganhar a vida jogando vídeo-games. Melhor ainda, se ela gostaria de jogar os mais novos lançamentos das plataformas mais avançadas e ainda ser paga para contar a todo mundo a sua opinião sobre o jogo. O que você acha que ela responderia? Não é preciso ser nenhum vidente para descobrir... Apesar de ser um pensamento um tanto quanto utópico para as pessoas que passam horas se divertindo com esses jogos eletrônicos, para os jornalistas isso é uma realidade. Cenário que começou a ser construído na década de 60 com a criação do primeiro vídeo-game e que se consolidou a partir dos anos 90 com a globalização e a segmentação dos mercados.

Em "A história da utilização dos games como mídia" o professor e mestre da Feevale / NH e PUCRS, Doutorando na PUCRS, Coordenador do Núcleo de Publicidade e Propaganda da Agência Experimental de Comunicação da Feevale e Pesquisador do Grupo de Comunicação e Cultura atuando na Pesquisa “Games: Mercado da Comunicação”, Cristiano Max Pereira Pinheiro, ao citar Rodolfo Martino - coordenador do curso de jornalismo da Universidade Metodista de São Bernardo do Campo - relata que essa nova tendência pode ser chamada de jornalismo de serviço e que "é um nicho que ganhou força nos anos 80 e se consolidou nos anos 90 com a segmentação de mercado. É um nicho interessante e promissor".

Afirmação que é confirmada pelo mais recente relatório da Associação Brasileira de Games (Abragames) ao dizer que "o setor de jogos eletrônicos ultrapassou os rendimentos de lucratividade do cinema em todo o mundo". É um mercado que cresce a cada dia e que cada vez mais precisa de mão-de-obra especializada. Um exemplo disso é a entrevista que Pablo Miyazawa, um dos editores da revista Rolling Stone, editor da EGM Brasil, Nintendo World e Herói e colaborador da Folha S.Paulo , Set e MTV, fez com o editor da revista Game Master, Gustavo Petró. Pablo lhe faz uma pergunta sobre o mercado,o futuro e como tem de ser um jornalista de games. Petró lhe responde dizendo que um "jornalista de games tem que saber que ele é igual a qualquer outro jornalista do mercado como da Folha, Estadão ou Globo. Então, como tal, ele deve ir atrás das informações, pesquisar, checar fontes etc. Muitas vezes, ao tentar conseguir uma entrevista eu me sentia inferior à esses caras. Mas não, somos todos iguais. Se você está com uma bomba em mãos, faça o melhor possível para publicá-la com credibilidade, mas nunca deixe de ser humilde. O trabalho do jornalista de games ainda é taxado como brincadeira pelas pessoas. Pode fazer o teste e diga para alguém que você escreve sobre games. A resposta será: “Ah, então tu joga joguinho o tempo todo”. E não é bem assim. Trabalhamos muito e fazemos coisas sérias. Ou alguém viu a imprensa de massa ir atrás de quem entrou com processo no Ministério Público para banir o Counter? Não, pois esse é o nosso trabalho, o trabalho dos jornalistas de games"!

É justamente atrás desse trabalho que uma das colaboradoras do blog "Jornalismo de Games Futuro", Bruna Torres, escreveu um artigo no qual ressalta a ampliação das possibilidades nesse mercado. Ela conta que essa segmentação "pega justamente o ‘filé mignon’ do mercado: o público jovem, informado e com a melhor renda”.

Com base nessas constatações podemos dizer que o jornalismo de games é sim mais um leque que se abre para os profissionais da comunicação, principalmente para os jornalistas. É mais uma atividade que surge com a, cada vez maior, segmentação do mercado, das classes e até das chamadas tribos. Um contra-ponto para um mundo que apesar de a cada dia mais destruir barreiras e distâncias, ainda se vê isolado nas diferenças.

Um comentário:

webjorsuperacao disse...

::Mancio, de fato esta geração game é outra cabeça e novas cognições: para falar a verdade, os invejo! É uma intelig~encia bem evoluída, de quem pensa um mundo virtual e faz isso com uma sensibilidade especial. A meu ver, gênios contemporâneos.
Escuta, sua postagem está sem marcadores: como vamos localizar seu escrito neste blog!?
@_@"
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