domingo, 20 de abril de 2008

Mente brilhante de um observador perspicaz


Wiltshire é conhecido mundialmente e o registro de seu trabalho pode ser visto, por exemplo, no vídeo abaixo, em que retrata Roma depois de sobrevoá-la de helicóptero

Que quantidade de informação do cotidiano seria possível registrar no cérebro humano, depois de se apreciar uma paisagem real por apenas alguns minutos? A resposta pode variar entre aqueles que se dispuserem a responder. Mas para comporvar isso efetivamente, torna-se necessário o detalhamento dessa observação, seja por meio de palavras, seja por meio de imagem.

A resposta para este desafio foi oferecida pelo autista inglês Stephen Wiltshire, que depois de sobrevoar cerca de 14 quilômetros a cidade de Londres, simplesmente a desenhou em cinco dias utilizando caneta, lapis e papel.
De acordo com os especialistas, o autor fez questão de colocar em exatidão e escala aquilo que viu. O desafio proposto pelo canal de televisão britânico Channel 5, transformou-se no documentário Human Camera, exibido dia 16 de abril.

Na realidade, Wiltshire parece ter batido seu recorde, pois em 2001 o mesmo sobrevoou a cidade de helicóptero, para em seguida detalhar 12 prédios históricos e 200 construções localizadas no perímetro de sete quilômetros quadrados.
Este é um exercício que todos os jornalistas deveriam fazer com mais perspicácia, haja vista a velocidade com que lidam com a informação. O desenvolvimento tecnológico tem auxiliado bastante os jornalistas, fenêmeno que tem servido para embotar várias qualidades do ser humano. O uso dos sentidos estão cada vez mais potencializados pelos aparelhos, tal como previu Marshall MacLuhan. No jornalismo o pauteiro "vê" pelo que "ouve" e "descreve" para que repórteres façam o que por certo verão distorcidamente. O repórter fotográfico ainda procura romper isso construindo fotografias, na medida em que espera algo de importante entrar em seu diafragma. O editor, que pelo afogadilho autorizou a pauta —recomendando empenho do repórter— tem de acreditar no mesmo, sob pena de ambos sucumbirem. E por aí vai!

Na qualidade de provocador(es), todos os que lerem esta notícia e navegarem nos feitos de Wiltshire, por certo sentir-se-ão estimulados a desenferrujar a retina, os ouvidos, o repertório intelectual, o tato, o olfato e o paladar, e os neurônios, de modo a registrar com mais detalhes (exatos) o jornalismo. Claro que muitos dirão: e onde se vai escrever tais detalhamentos!? Eis aí outro desafio que, depois do sepultamento da grande reportagem (no impresso) foi superado por Edvaldo Pereira Lima, quando defendeu sua tese sobre livro reportagem (ver Páginas Ampliadas), gênero que tem feito transbordar o universo acadêmico nos TCCs, bem como as livrarias, com livros testemunhais, históricos, biográficos, entre outros. A obra meticulosa de Wiltshire foi avaliada em 12,5 mil libras (cerca de R$42 mil). Quanto custaria um jornalismo bem feito!?
Via:
BBC

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